Insurtechs avançam parcerias com fintechs e plataformas digitais – Finsiders
O mercado segurador está cada vez mais próximo do ecossistema de startups, inclusive fintechs. Não à toa, bancos digitais como Nubank e Neon, por exemplo, costuraram parcerias com Chubb e BNP Paribas Cardif, respectivamente, para oferecer produtos de seguros aos seus clientes. No contexto de implementação do Open Finance, a tendência é que acordos do tipo, envolvendo seguradoras e insurtechs, sejam mais frequentes. A reportagem foi publicada primeiro no site Finsiders.
O movimento tem impulsionado algumas insurtechs que apostam no modelo B2B2C, com foco na construção de soluções de seguros para plataformas e ecossistemas digitais com uma grande base de clientes. Para essas empresas, significa, por exemplo, a oportunidade de criar uma nova linha de receita e aumentar o relacionamento com seus clientes.
Desde o ano passado, a Youse — plataforma digital da Caixa Seguradora que vende seguro de vida, auto e residencial — passou a dar mais atenção para esse business. “A gente oferece as APIs, em uma plataforma white-label. Ninguém conhece melhor o cliente do que quem tem a interface”, explica Taiolor Morais, CTO da Youse, em entrevista ao Finsiders, no fim de junho, no novo escritório da empresa, em Pinheiros.
No total, a Youse tem 9 parcerias fechadas nesta vertical de negócios, entre elas, empresas como 99, OLX, Minuto Seguros e MeuID. A iniciativa do B2B2C é recente e deve ser intensificada neste ano, segundo o executivo. “Temos um número grande de prospecções, algumas com NDA. Estamos em negociação com fintechs, wallets, empresas de benefícios, operadoras”, conta Taiolor, que não pode citar nomes por acordos de confidencialidade.
Para ele, o B2C ainda tem um espaço muito grande de crescimento, mas o B2B2C é uma forma de trazer um novo canal de vendas, aponta.
“Todo produto financeiro é baseado na confiança. Projetos como Open Insurance e Open Finance vão ajudar, ao longo dos anos, a dar essa confiança para o consumidor. E o B2B2C é a oportunidade de abrir um novo canal de vendas, indo na linha de plataforma, com as telas do cliente, com a experiência dele, e produtos ‘by Youse’.”
Quem também está de olho em fintechs e bancos digitais é a insurtech argentina Klimber. Recém-chegada ao Brasil, a startup desembarcou aqui já com uma parceria de peso: Mercado Pago. O seguro de vida começou a ser ofertado no mês passado e, em 20 dias de operação, a cobertura geográfica do produto já atingiu os 26 Estados brasileiros mais o Distrito Federal, revela Cristiano Saab, country general manager da Klimber no Brasil.
“Já chegamos a municípios na fronteira com a Guiana, isso é cumprir com nosso propósito de possibilitar acesso a seguros para todos”, afirma o executivo, em entrevista ao Finsiders. “Vida é um produto que tem baixa adesão pela população e que a covid despertou um interesse, antes não latente”, explica Cristiano, quando indagado sobre o motivo para iniciar a operação no Brasil com seguro de vida.
A Klimber opera com um modelo conhecido como MGA (Managing General Agent) — comum em mercados desenvolvidos, esse tipo de entidade recebe autorização de seguradoras para, em seu nome, administrar seguros, negociar contratos e até pagar sinistros, podendo atuar como intermediário entre as seguradoras e corretores e/ou segurados, segundo a Susep, que revisou aregulamentação dos representantes de seguros no fim do ano passado.
Fundada em 2016 em Buenos Aires, capital argentina, a Klimber construiu uma plataforma tecnológica para seguros digitais, que atraiu investidores como a seguradora Prudential e a resseguradora Swiss Re.
“Temos capacidade técnica, de inovação de produto, e respaldo financeiro dos sócios”, observa Cristiano, que chegou à insurtech em fevereiro, após uma experiência de mais de 26 anos no mercado segurador, com passagens por companhias como Seguros Sura, BNP Paribas Cardif, Icatu e SulAmérica.
“Nós criamos toda a jornada digital do cliente no mundo de seguros, da contratação ao pós-venda, em uma plataforma white-label, no modelo B2B2C. “Não cobramos ‘setup fee’, somente a participação nas vendas. Isso faz com que não onere o processo e otimize o investimento dos nossos parceiros.”
A empresa começou no Brasil com seguro de vida e em breve vai operar um produto de acidentes pessoais. “Mas não estamos restritos a uma linha de produtos. Vai depender do perfil do parceiro e do cliente desse parceiro”, explica o executivo.
Há conversas em andamento atualmente com varejistas, corretoras de seguros, fintechs e bancos digitais. “Estamos próximos de ter outro balcão”, diz ele, sem abrir detalhes. No primeiro ano de atuação em território brazuca, a Klimber mira 1 milhão de apólices emitidas.
Mercado
Com o avanço das novas tecnologias e o apetite do regulador em fomentar a inovação e a competitividade, a indústria de seguros caminha para um modelo mais aberto e de parcerias, a exemplo do que ocorreu no mercado de investimentos. “Você olha proposta de insurtechs que vêm surgindo com viés de seguradora, e grandes seguradoras buscando novos canais. Todos estão buscando melhorar a percepção de valor do cliente”, aponta Cristiano.
Em seguros, oportunidade e espaço para crescimento não faltam. Isso porque o mercado representa apenas 4,1% do PIB brasileiro, com produtos que ainda têm baixa penetração. Até por isso não faltam exemplos de insurtechs tentando melhorar esse quadro, por meio de um modelo B2B2C.
Criada em 2020, a 180º é uma dessas insurtechs e tem entre os parceiros empresas como Caju, Loft, Zul, Buser e iClinic. Já a 88i — que participa do sandbox da Susep — aposta em um modelo de seguradora 100% digital, com soluções para ecossistemas digitais. Entre os parceiros, estão nomes como PicPay, Vá de Táxi, U4 Crypto e Bitfy. Quem também busca crescer no B2B2C é a Flix, com foco em seguro residencial.
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